janeiro 22, 2013
(2)
"A minh'Alma fugiu pela Torre Eiffel acima,
- A verdade é esta, não nos criemos mais ilusões -
Fugiu, mas foi apanhada pela antena da TSF
que a transmitiu pelo infinito em ondas hertzianas...
(Em todo o caso que belo fim para a minha Alma!..."
(1)"Crise lamentável"
(2) "A minh'Alma fugiu pela Torre Eiffel acima", Paris 1915
by Mário de Sá-Carneiro
janeiro 21, 2013
epitáfio
Percebo-te agora e agora,
mais do que tu pensas.
Deixaste de ser mistério
e a porta fechou-se.
[farewell my love]
junho 09, 2012
março 19, 2012
dezembro 11, 2011
agosto 19, 2011
Entre o Luar e a Folhagem
Entre o luar e a folhagem,
Entre o sossego e o arvoredo,
Entre o ser noite e haver aragem
Passa um segredo.
Segue-o minha alma na passagem.
Midnight Sun by e.p.
Ténue lembrança ou saudade,
Princípio ou fim do que não foi,
Não tem lugar, não tem verdade.
Atrai e dói.
Segue-o meu ser em liberdade.
Vazio encanto ébrio de si,
Tristeza ou alegria o traz?
O que sou dele a quem sorri?
Nada é nem faz.
Só de segui-lo me perdi.
By Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
fevereiro 12, 2011
Tu que és em mistério o maior de todos,
devoro-te (1)
1
Se me concentrar
olhando bem longe
longe da vista alcançar
Sei que te vejo
Sei que vens lá
Terra, Fogo, Ar
e Água
Sempre acima da
linha do horizonte
Eis-te lá
Magnífico
Belo
Raro
Como te vejo sempre..
1
(1) Linha de "Oração" (Thompsons) in Poemas Ameríndios by H. Helder
dezembro 20, 2010
Um silêncio, um olhar, uma palavra:
Nasceste assim na minha vida,
Inesperada flor de aroma denso,
Tão casual e breve...
Já te visionara no meu sonho,
Imagem de segredo, esparsa ao vento
Da noite rubra, delicada, intacta.
E pressentira teu hálito na sombra
Que minhas mãos desenham, inquietas.
Existias em mim. O teu olhar
Onde cintila, pura, a madrugada,
Guardara-o no meu peito, ó invisível,
Flutuante apelo das raízes
Que teimam em prender-te, na minha vida!
"Retrato" by Luís Amaro
Nasceste assim na minha vida,
Inesperada flor de aroma denso,
Tão casual e breve...
Já te visionara no meu sonho,
Imagem de segredo, esparsa ao vento
Da noite rubra, delicada, intacta.
E pressentira teu hálito na sombra
Que minhas mãos desenham, inquietas.
Existias em mim. O teu olhar
Onde cintila, pura, a madrugada,
Guardara-o no meu peito, ó invisível,
Flutuante apelo das raízes
Que teimam em prender-te, na minha vida!
"Retrato" by Luís Amaro
dezembro 01, 2010
Médoc
(...)
"Ali mesmo parti o gargalo de uma garrafa, tirada da longa fila onde descansava com as suas companheiras, no meio do bolor.
- Beba - disse, apresentando-lhe o vinho.
Levou-o aos lábios, olhando-me de soslaio. Parou e inclinou a cabeça para mim, com familiaridade, fazendo as campainhas tocar.
- Bebo - disse - aos defuntos que repousam à nossa volta.
- E eu à sua longa vida."
(...)
by E. Allan Poe
novembro 18, 2010
Eis-me
1
Hope by e.p.
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
1
Mas tu é de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo
[em que não moras
1
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
"Eis-me" by Sophia de Mello Breyner Andersen
junho 28, 2010
( no title )
Perdi a minha poesia
a subtileza
1
De olhar, ver, tocar
e criar beleza
1
De ouvir a música
que outros escutarão um dia.
1
De ensaiar, repetir e escrever
em pauta
A nota, o tempo, a pausa
que traz ao coração melodia
1
O encanto dos encontros
fugazes
O gozo da vida em ser vivida.
1
O selo de uma carta fechada
que leva dentro de si
a saudade,
a ansiedade de voltar a
ver alguém, que há muito
não escrevia
1
Alcançar quem,
num coro de vozes
escolhe ouvir a nossa canção.
1
A poesia que a dócil
pena do poeta, recusa
por não haver palavra que
a escreva
1
Nem tinta que consuma
a poesia que é paixão.
junho 09, 2010
SINCRONICIDADE
1
No fundo de mim
autoinflige-se esta dor,
dor de saber que te levarei
ao fundo
por no teu porto fundear
o meu navio de fantasmas.
outubro 09, 2009
The Ring of Fire
"'Love is a burning flame and it makes a fiery ring
Bringing hurt to the heart's desire
I fell in the ring of fire
I fell into, into a burning ring of fire
I fell down, down, down, down into the deepest mire
and it burns, burns, burns, burns
the ring of fire, the ring of fire, the ring of fire.."
by Mr Johnny Cash & his beloved wife June..
The Ring of Fire my own version ..
Correm turvas e lodosas
estas águas,
meus pensamentos
Raios de sol translúcidos
que perpassam os dias
entreluzindo memórias
busca de sonhos, infértil
num mar de clausura
cemitério de anteriores glórias
Peso morto
rumo ao fundo
descendo em apneia
Luta de forças, inglória
de presa caída na teia.
"'Love is a burning flame and it makes a fiery ring
Bringing hurt to the heart's desire
I fell in the ring of fire
I fell into, into a burning ring of fire
I fell down, down, down, down into the deepest mire
and it burns, burns, burns, burns
the ring of fire, the ring of fire, the ring of fire.."
by Mr Johnny Cash & his beloved wife June..
The Ring of Fire my own version ..
Correm turvas e lodosas
estas águas,
meus pensamentos
Raios de sol translúcidos
que perpassam os dias
entreluzindo memórias
busca de sonhos, infértil
num mar de clausura
cemitério de anteriores glórias
Peso morto
rumo ao fundo
descendo em apneia
Luta de forças, inglória
de presa caída na teia.
julho 27, 2009
Agora percebo o tamanho do vazio
que eu era ...
.
Contigo Sou..
Inteiramente Sou.
Infinitamente.
.
Salto o cerco
deste mundo tão pequeno
e vôo..
Vou contigo.
.
Onde o céu
toca o horizonte
subo às nuvens
e pesco a Lua no Estige
sob as barbas de Caronte
e coloco-a no lugar
Lá, de onde Deus
beija o seu crente.
.
E num triplo mortal
mergulho no mar.
.
Grito, rio, pulo e salto alto
Capitã dos Sete Mares
à garupa uma garoupa.
.
Contigo Sou..
Imaginação.
Sou fascínio,
arte admirada.
Sou sonho
Sou sonhada..
.
Inteiramente, Sou.
.
Contigo
Sou lembrada.
.
janeiro 28, 2009
Il nome suo nessun saprà...
(Il principe ignoto)
Nessun dorma!... Tu pure, o Principessa,
Nella tua fredda stanza
Guardi le stelle
Che tremano d'amore e di speranza.
Ma il mio mistero è chiuso in me,
Il nome mio nessun saprà!
Solo quando la luce splenderà,
Sulla tua bocca lo dirò fremente!...
Ed il mio bacio scioglierà il silenzio
Che ti fa mia!...
"Nessum Dorma" in Turandot by Giacomo Puccini
(Il principe ignoto)
Nessun dorma!... Tu pure, o Principessa,
Nella tua fredda stanza
Guardi le stelle
Che tremano d'amore e di speranza.
Ma il mio mistero è chiuso in me,
Il nome mio nessun saprà!
Solo quando la luce splenderà,
Sulla tua bocca lo dirò fremente!...
Ed il mio bacio scioglierà il silenzio
Che ti fa mia!...
"Nessum Dorma" in Turandot by Giacomo Puccini
julho 31, 2008
LEALDADE – s. f qualidade de leal; fidelidade; sinceridade (Do lat. legalitáte-, «id.»)
Apesar de não nos vermos
imagino muitas vezes o nosso encontro
excepcional
à saída da livraria, de manhã cedo num café de bairro
noutro bairro.
O silêncio saboreado.
Uma amizade pode ser instável como as marés
sempre presentes mas nunca retidas.
Falar é impensável. Por manuscrito, letra duvidosa mas
inspirada?
Assim, este silêncio que é uma longa espera, uma absurda espera
já não será um arco flexível, com pulmões impetuosos
mas um fio frouxo caído no fundo da língua
fibra de um fruto tropical.
Continuemos amigos, continuemos a interrogar este silêncio preenchido
por factos pouco improváveis
silêncio vigiando os dias que passam.
Um dia tiraremos o chapéu um ao outro (e nós não usamos chapéu)
29. [TVV]
DESEJO DE LEALDADE
in Alentejo Ilustrado – suplemento integrante do Diário do Alentejo n.º 1140 (II série) de 27 de Fevereiro de 2004.
Desejo # 2: Henrique Matos, João Veiga, José Pedro Silva, Leonor Venâncio, Marlein, Paulo Monteiro, Tiago da Veiga.
abril 22, 2008
Que morte, afinal, abrigas tu
.
«O meu castelo de pó, cinzas doutro que já não sou....
Valsa severa só, nem sabe que amou... Lacrimosa pétala danças, orvalho abandonando os olhos... Alguém sabe o que não alcanças, alguém sabe o que não encontras... O mundo que fechas em ti, o carinho furtado às tuas palavras... A dor ridícula do desencontro, a batalha onde tanto lutas... Ao largo de tudo, longe de todos... Que língua estranha falas, que dias passam por essa alma... Que morte afinal abrigas tu... »
"Castelo de Pó" by euem2023
[Obrigada Dr Esteves, por me deixar expor aqui o seu castelo.. ]
.
«O meu castelo de pó, cinzas doutro que já não sou....
Valsa severa só, nem sabe que amou... Lacrimosa pétala danças, orvalho abandonando os olhos... Alguém sabe o que não alcanças, alguém sabe o que não encontras... O mundo que fechas em ti, o carinho furtado às tuas palavras... A dor ridícula do desencontro, a batalha onde tanto lutas... Ao largo de tudo, longe de todos... Que língua estranha falas, que dias passam por essa alma... Que morte afinal abrigas tu... »
"Castelo de Pó" by euem2023
[Obrigada Dr Esteves, por me deixar expor aqui o seu castelo.. ]
março 25, 2008
I should have kissed you in the 80's...
You saw me sitting in the corner
And you just sat there right next to me
You asked me - "are you feeling lonely?"
-Well lonleliness is just a word, you see
...
I came in here just for the music
For all the things that it makes me feel
I came to exorcise my demons
To bury those days when only pain was real
..
Tonight I'm drinking myself sober
'Till I see what I want to see
A few more drinks and you'll be the perfect lover
You will be the one that I truly believe
...
You should have met me, I should have kissed you!
"the 80's" lyrics by D. Fonseca
You saw me sitting in the corner
And you just sat there right next to me
You asked me - "are you feeling lonely?"
-Well lonleliness is just a word, you see
...
I came in here just for the music
For all the things that it makes me feel
I came to exorcise my demons
To bury those days when only pain was real
..
Tonight I'm drinking myself sober
'Till I see what I want to see
A few more drinks and you'll be the perfect lover
You will be the one that I truly believe
...
You should have met me, I should have kissed you!
"the 80's" lyrics by D. Fonseca
fevereiro 20, 2008
janeiro 24, 2008
vamos brincar de palermices?
Se eu fosse um mês, seria: Junho..
Se eu fosse um dia da semana: sábado
Se eu fosse uma hora do dia: 0:00
Se eu fosse um planeta ou astro: júpiter!
Se eu fosse uma direcção: a errada
Se eu fosse um líquido: .. vinho.. embriagante e criador
Se eu fosse um pecado: jamais seria só um pecado..
Se eu fosse uma pedra: um pequeno quartzo perdido numa praia..
Se eu fosse uma árvore: salgueiro.. que dança com o vento.. verga mas não parte..
Se eu fosse um fruto: maracujá (passion fruit ;)) ou romã – a fruta dos reis
Se eu fosse uma flor: a flor de um cacto.. delicada e ‘tough’
Se eu fosse um clima: Alentejo no ano inteiro ..
Se eu fosse um instrumento musical: uma guitarra.. dedilhada a desejos ..
Se eu fosse um elemento: são-me essenciais os cinco! (amor é o 5º)
Se eu fosse uma cor: azul celeste
Se eu fosse um bicho: era uma besta.. assim tipo cavalo ..
Se eu fosse um som: de água a correr
Se eu fosse uma música: mysterons by beth gibbons
Se eu fosse um estilo musical: um com boa onda..
Se eu fosse um sentimento: amor do bom..
Se eu fosse um livro: opus pistorum de henry miller
Se eu fosse uma comida: um prato exótico muito gostoso, saudável e colorido
Se eu fosse um lugar: um estranho lugar, bem aprazível
Se eu fosse um gosto: pele
Se eu fosse um cheiro: ervas de junho
Se eu fosse uma palavra: b.e.i.j.o.
Se eu fosse um verbo: quebrar
Se eu fosse um objecto: uma granada de mão (há tratá-la com jeitinho, senão..)
Se eu fosse uma parte do corpo: pode ser a ‘minha’ parte do corpo
Se eu fosse uma expressão facial: sorriso..
Se eu fosse uma personagem de desenho animado: qual é o mais desastrado??
Se eu fosse um filme: big fish de Tim Burton
Se eu fosse uma forma: uma forma feminina..
Se eu fosse um número: 7
Se eu fosse uma estação: primavera
Se eu fosse uma frase: “se eu fosse..”
Se eu fosse um dia da semana: sábado
Se eu fosse uma hora do dia: 0:00
Se eu fosse um planeta ou astro: júpiter!
Se eu fosse uma direcção: a errada
Se eu fosse um líquido: .. vinho.. embriagante e criador
Se eu fosse um pecado: jamais seria só um pecado..
Se eu fosse uma pedra: um pequeno quartzo perdido numa praia..
Se eu fosse uma árvore: salgueiro.. que dança com o vento.. verga mas não parte..
Se eu fosse um fruto: maracujá (passion fruit ;)) ou romã – a fruta dos reis
Se eu fosse uma flor: a flor de um cacto.. delicada e ‘tough’
Se eu fosse um clima: Alentejo no ano inteiro ..
Se eu fosse um instrumento musical: uma guitarra.. dedilhada a desejos ..
Se eu fosse um elemento: são-me essenciais os cinco! (amor é o 5º)
Se eu fosse uma cor: azul celeste
Se eu fosse um bicho: era uma besta.. assim tipo cavalo ..
Se eu fosse um som: de água a correr
Se eu fosse uma música: mysterons by beth gibbons
Se eu fosse um estilo musical: um com boa onda..
Se eu fosse um sentimento: amor do bom..
Se eu fosse um livro: opus pistorum de henry miller
Se eu fosse uma comida: um prato exótico muito gostoso, saudável e colorido
Se eu fosse um lugar: um estranho lugar, bem aprazível
Se eu fosse um gosto: pele
Se eu fosse um cheiro: ervas de junho
Se eu fosse uma palavra: b.e.i.j.o.
Se eu fosse um verbo: quebrar
Se eu fosse um objecto: uma granada de mão (há tratá-la com jeitinho, senão..)
Se eu fosse uma parte do corpo: pode ser a ‘minha’ parte do corpo
Se eu fosse uma expressão facial: sorriso..
Se eu fosse uma personagem de desenho animado: qual é o mais desastrado??
Se eu fosse um filme: big fish de Tim Burton
Se eu fosse uma forma: uma forma feminina..
Se eu fosse um número: 7
Se eu fosse uma estação: primavera
Se eu fosse uma frase: “se eu fosse..”
novembro 14, 2007
Como um gaiato a correr
o Sr. Tempo bate à nossa porta.
Bate e foge.
.
- Em que tempo deseja que vos fale?
- De um pretérito perfeito,
num presente preterido
a um futuro condicional?
- Em qual dos tempos verbais
me entenderá o Sr. Tempo?..
Talvez num futuro imperfeito
de mudança,
de sonho travestido
repleto de cambiantes lexicais?..
novembro 07, 2007
tudo o que eu vi
estou a partilhar contigo
.
o que não vivi
um dia hei-de inventar contigo
.
sei que não sei
às vezes entender o teu olhar
.
mas quero-te bem
.
encosta-te a mim
.
"Encosta-te a mim" by Jorge Palma
outubro 24, 2007
Reuno no meu desejo
todos os beijos
enviados
que não foram entregues
[ou que nenhum de nós deu]
Nutro-os.
Energizo-os
e cedo este fogo
às forjas de Hefestus.
Por fim,
deito-me secretamente ao teu lado
[pois vivo nos teus braços]
e revelo-me no fogo ardente
que te cresce por dentro
e te faz pensar
que é a terra que treme..
outubro 23, 2007
outubro 22, 2007
junho 22, 2007
um quase exorcismo..
.
Finalmente tirei o teu retrato
da minha parede
.
De qualquer modo
sempre que o olhava, repetia
que (quase) te odiava
porque aquele sorriso
não tinha sido para mim..
.
[Há rostos que nos perseguem
anos a fio,
que nos toldam o juízo de ideias simples
como "gostar ou não gostar"
Exigindo o sacrifício.. ]
maio 07, 2007
Me, Myself and I..
.. ivre de Baudelaire
.
La femme cependant, de sa bouche de fraise,
En se tordant ainsi qu'un serpent sur la braise,
Et pétrissant ses seins sur le fer de son busc,
Laissait couler ces mots tout imprégnés de musc :
- «Moi, j'ai la lèvre humide, et je sais la science
De perdre au fond d'un lit l'antique conscience.
Je sèche tous les pleurs sur mes seins triomphants,
Et fais rire les vieux du rire des enfants. J
e remplace, pour qui me voit nue et sans voiles,
La lune, le soleil, le ciel et les étoiles !
Je suis, mon cher savant, si docte aux voluptés,
Lorsque j'étouffe un homme en mes bras redoutés,
Ou lorsque j'abandonne aux morsures mon buste,
Timide et libertine, et fragile et robuste,
Que sur ces matelas qui se pâment d'émoi,
Les anges impuissants se damneraient pour moi!»
by Charles Baudelaire
março 08, 2007
Poema de um homem qualquer *
«
"0 espaço de infinito que medeia
Entre o homem e a ideia,
Entre o homem e o acto,
Entre o homem e o sonho "
(in Liberta em Pedra)
E assim tenho passado. Apenas entre.
Desconhecido o tempo que é de morte
E o Mistério que fui Eu no seu ventre.
(...)
* by Natércia Freire
«
"0 espaço de infinito que medeia
Entre o homem e a ideia,
Entre o homem e o acto,
Entre o homem e o sonho "
(in Liberta em Pedra)
The Origin of the World by G. Courbet
E assim tenho passado. Apenas entre.
Desconhecido o tempo que é de morte
E o Mistério que fui Eu no seu ventre.
(...)
* by Natércia Freire
1
Receita de Mulher **
1
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
1
** by Vinicius de Moraes
março 06, 2007
março 05, 2007
Às Vezes o Amor..
...
«...
Por te querer
Vou abrir em mim dois espaços
P´ra te dar
Enredo ao folhetim
A flor ao teu jardim
As pernas e com elas braços
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês, é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Mas se tudo tem fim
Porquê dar a um amor guarida
Mesmo assim
Dá princípio ao começo
Se morreres só te peço
Da morte volta sempre em vida
Às vezes o amor
Às vezes o amor
No calendário, noutro mês é dor,
É cego e surdo e mudo
E o dia tão diário disso tudo
Da morte volta sempre em vida
»
...
"às vezes o amor" in Ligação Directa
by Sérgio Godinho
fevereiro 19, 2007
fevereiro 05, 2007
vita homini lupus
1
De por sí que se enturbia la vida
no le demos hálito de humo
ella sola sin vitoreo se enguarra
se embarra los pies cruzando fango
se alitera de lodo se redunda
de vidrio empañado que ni al sol refulge
se emplasta en los nudillos plomo
plancton deshauciado come traga y ya
1
de por sí que arremete zancadillas
no le demos zueco o zanco
sola a resbaladas en cruz y en ristra cae
o contra el árbol se rasca la espalda
osa que es la vida a veces
y el tórax se engomina de resina
con mosca y todo valiosísimo ámbar
pastiche de tortura tiempo y muerte
1
de por sí que apresa y aprisiona
no le demos cabo al que agarrarse
que la cuerda se le ennude como hilos de tejer
porque al punto algo queda resbaloso de sus garras
del alcándara abatióse el girifalte
pero en esto que acabamos
todos muertos
a escopetadas.
1
by Carmen Lopez
De por sí que se enturbia la vida
no le demos hálito de humo
ella sola sin vitoreo se enguarra
se embarra los pies cruzando fango
se alitera de lodo se redunda
de vidrio empañado que ni al sol refulge
se emplasta en los nudillos plomo
plancton deshauciado come traga y ya
1
de por sí que arremete zancadillas
no le demos zueco o zanco
sola a resbaladas en cruz y en ristra cae
o contra el árbol se rasca la espalda
osa que es la vida a veces
y el tórax se engomina de resina
con mosca y todo valiosísimo ámbar
pastiche de tortura tiempo y muerte
1
de por sí que apresa y aprisiona
no le demos cabo al que agarrarse
que la cuerda se le ennude como hilos de tejer
porque al punto algo queda resbaloso de sus garras
del alcándara abatióse el girifalte
pero en esto que acabamos
todos muertos
a escopetadas.
1
by Carmen Lopez
janeiro 18, 2007
novembro 22, 2006
Um belo dia, fim de tarde, a surpresa de um amor escondido toca-te o vidro da janela:
- "Quem és tu?" - perguntas.
- "Sou o teu amor de sempre, para sempre, vou ficar contigo." - deu de resposta.
- "Quando foi que deixei de reconhecer o meu amor sonhado e confundir o querido, com um amor passado?"
- "Sei lá! Faz tanto tempo que te sigo que o meu gesto é desesperado.."
Convida-lo a entrar. Ele instala-se; faz-te o jantar.. e tu aconchegas-te, rigozijas no conforto desse lar.
Mas para sempre é muito tempo se adormeces ao seu lado e ao acordar descobres um outro amor, estranho, em seu lugar. ..
....
- "Quem és tu?" - perguntas.
- "Sou o teu amor de sempre, para sempre, vou ficar contigo." - deu de resposta.
- "Quando foi que deixei de reconhecer o meu amor sonhado e confundir o querido, com um amor passado?"
- "Sei lá! Faz tanto tempo que te sigo que o meu gesto é desesperado.."
Convida-lo a entrar. Ele instala-se; faz-te o jantar.. e tu aconchegas-te, rigozijas no conforto desse lar.
Mas para sempre é muito tempo se adormeces ao seu lado e ao acordar descobres um outro amor, estranho, em seu lugar. ..
....
novembro 16, 2006
desígnio de um beijo
.
se cada vez que fechas os olhos
ou sonhas,
sentisses o beijo
que confiei àquela estrela...
.
espelharias neste céu
o meu sorriso imenso
e eu confiaria ao Universo
a razão de meu contentamento
.
saber-te liberto assim
por ver-te recolher o véu
através do qual olhavas para mim
.
Saber-te aceitar por fim
.
que o desígnio do meu beijo
foi a ti que escolheu..
.
novembro 13, 2006
julho 25, 2006
1
Modo de amar – I
1
Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura
1
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
1
abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros
1
e lentamente faz o que te digo:
1
by Maria Teresa Horta
julho 24, 2006
1
Modo de amar – II
1
"reclining nude" by Amedeo Modigliani
1
Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
1
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento...
1
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo...
1
Por-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada...
1
as pernas longas
firmadas no lençol...
1
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome...
1
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
1
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)
1
by Maria Teresa Horta
julho 20, 2006
1
Modo de amar – III
1
É bom nadar assim
em cima do teu corpo
enquanto tu mergulhas já dentro do meu
1
Ambos piscinas que a nado atravessamos
de costas tu meu amor
de bruços eu
.
by Maria Teresa Horta
(:)
julho 19, 2006
1
Modo de amar – IV
1
Encostada de costas
ao teu peito
1
em leque as pernas
abertas
o ventre inclinado
1
ambos de pé
formando lentos gestos
1
as sombras brandas
tombadas no soalho
by Maria Teresa Horta
"carousel" by Michel Pilon
julho 18, 2006
1
Modo de amar – V
1
Docemente amor
ainda docemente
1
o tacto é pouco
e curvo sob os lábios
e se um anel no corpo
é saliente
digamos que é da pedra
em que se rasga
1
Opala enorme
e morna
tão fremente
1
dália suposta
sob o calor da carne
1
lábios cedidos
de pétalas dormentes
1
Louca ametista
com odores de tarde
1
Avidamente amor
com desespero e calma
1
as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros
numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala
1
Ferozmente amor
com torpidez e raiva
1
as ancas descendo como cabras
tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas
que se abrem
1
E logo os ombros
descaem
e os cabelos
1
desfalecem as coxas que retomam
das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam
1
Suavemente amor
agora velozmente
1
os rins suspensos
os pulsos
e as espáduas
1
o ventre erecto
enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas
by Maria Teresa Horta
julho 17, 2006
1
Modo de amar – VI
1
Modo de amar – VI
1
"first light" by Christina Hope
Inclina os ombros
e deixa
que as minhas mãos avancem
na branda madeira
1
Na densa madeixa do teu ventre
1
Deixa
que te entreabra as pernas
docemente
1
by Maria Teresa Horta
1
julho 14, 2006
1
Modo de amar – VII
1
Secreto o nó na curva
do meu espasmo
1
E o cume mais claro
dos joelhos
que desdobrados jorram dos espelhos
1
ou dos teus ombros os meus:
flancos
na luz de maio
.
by Maria Teresa Horta
julho 13, 2006
.
Modo de amar – VIII
1
Que macias as pernas
na penumbra
1
e as ancas
subidas
nos dedos que as desviam
1
Entreabro devagar
a fenda – o fundo
a febre
dos meus lábios
1
e a tua língua
Vagarosa:
1
toma – morde
lambe
essa humidade esguia
1
by Maria Teresa Horta
Modo de amar – VIII
1
Que macias as pernas
na penumbra
1
e as ancas
subidas
nos dedos que as desviam
1
Entreabro devagar
a fenda – o fundo
a febre
dos meus lábios
1
e a tua língua
Vagarosa:
1
toma – morde
lambe
essa humidade esguia
1
by Maria Teresa Horta
.
"sitting woman with her leg bent" by egon schiele
julho 12, 2006
1
Modo de amar – IX
1
Enlaçam as pernas
as pernas
e as ancas
1
o ar estagnado
que se estende
no quarto
1
As pernas que se deitam
ao comprido
sob as pernas
1
E sobre as pernas vencem o gemido
1
Flor nascida no vagar do quarto
.
by Maria Teresa Horta
.
"etherea couple" by Karin Rosenthal
julho 10, 2006
1
Modo de amar – X
1
A praia da memória
a sulcos feita
a partir da cintura:
1
a boca
os ombros
1
na tua mansa língua que caminha
a abrir-me devagar
a pouco e pouco
1
Globo onde a sede
se eterniza
Piscina onde o tempo se desmancha
a anca repousada
que inclinas
as pernas retesadas que levantas
1
E logo
são os dentes que limitam
1
mas logo
estão os lábios que adormentam
no quente retomar de uma saliva
que me penetra em vácuo
até ao ventre
1
o vínculo do vento
a vastidão do tempo
1
o vício dos dedos
no cabelo
1
E o rigor dos corpos
que já esquece
na mais lenta maneira de vencê-los
.
by Maria Teresa Horta
julho 07, 2006
.
Modo de amar – XI
((Teu) Baixo ventre)
1
Nunca adormece a boca no
teu peito
1
a minha boca no teu baixo
ventre
a beber devagar o que é
desfeito
1
by Maria Teresa Horta