novembro 17, 2005

Jazz, Poesia e Castanhas Assadas




A música fascina-me e tocada ao vivo, submete-me. Os sons que se escapam
pelos intervalos dos dedos ou das baquetas que atiçam a bateria de pratos e peles esticadas.
Fascina-me o som do improviso que pica um público apático – não que a música não preste
mas porque “já são quase onze horas.. ah! Perdão!.. Onze e um quarto!” ..
Fascina-me a teimosia paciente dos artistas que vieram para tocar e insistem em soltar notas

ao ar, para fazer esquecer o frete que é ter de aparecer nestes eventos culturais!!..
Citando novamente a senhora das onze e um quarto: “pão-de-ló para burros...” – neste caso,
burros que gostam de música e poesia e água pé e castanhas assadas!!.. Que talvez tenham
lido Baudelaire o suficiente para apreciar o embriagante ambiente jazz (ainda que sejam já
onze e um quarto) e páram entre uma nota e outra para saltar para o interior de uma partitura
e ser tocado nos botões dourados de um saxofone ou arrancado à garganta daquela senhora de
madeira e formas anafadas, unida dos pés à cabeça por uma franja de cordas metálicas – a dama
que marca o ritmo do quarteto.
Ahh.. A música fascina-me com todos os termos, registos e instrumentos que não sei o nome..
E não tentem ensinar-me, porque da próxima vez que estiver numa plateia, vou lá estar burra,
saboreando o meu pão-de-ló, como se da primeira vez se tratasse.. Porque música escuta-se a
cada som tocado.